reflexões da loiça suja
Sempre que passava um fim-de-semana com o meu pai (eram poucos), quando era mais pequena, sentia sempre a diferença que era de repente ter que levantar-me da mesa e ter que ir colocar o meu prato, copo e talheres à cozinha. e às vezes, chateava-me sair da rotina que vivia em casa da minha mãe e ter que fazer esta coisa tão simples. e quase todas as vezes o meu pai chateava-se comigo porque não estava a ajudar. uma das vezes, e lembro-me perfeitamente disto porque ele depois foi fazer queixinhas à minha mãe e dizer-lhe que era culpa dela por eu ser assim, ele ficou extremamente furioso porque perguntou-me "como vai ser quando fores grande e viveres sozinha e tiveres que fazer isso?" e eu, que sempre fui respondona, disse-lhe "quando for grande vou ter uma empregada". ele meteu-me de castigo e tive que levantar todos os pratos, copos e talheres.
hoje lembrei-me desta história porque estava a lavar a loiça do lanche que fiz (panquecas de banana com doce de pêssego) e não me estava a apetecer nada. e com isto lembrei-me que não é mau, uma rapariga de 9/10 anos ter como objectivo de vida quando crescer, ter uma empregada. quer dizer que o verdadeira objectivo de vida da rapariga, é ter um emprego bom que lhê dinheiro suficiente para pagar a alguém que lhe lave a loiça. o que a mim não me parece assim tão mau como o meu pai me fez crer. é até algo bastante bom.